OVNI e Dino Kraspedon

Diálogo entre um Comandante de um OVNI e Dino Kraspedon
Diálogo entre um Comandante de um OVNI e Dino Kraspedon, quem escreveu o livro "Contato com os discos voadores"
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Dino Kraspedon
 
A campainha tilintou três vezes, e em seguida ouvi a voz da minha esposa: aí está um pastor protestante que deseja falar com você.
               - Que é que ele quer? – perguntei aflito.
               - Não sei, mas pelos modos quer doutriná-lo – respondeu minha esposa.
               Quase todos os domingos apareciam pastores protestantes ou meros pregadores, que iam doutrinar-nos ou fazer convites para o seu culto. Ateu em toda a extensão do termo, àquela época, aborrecia-me a longas dissertações bíblicas. Na realidade, eu era avesso a tudo que cheirasse à religião.
               - Mas nós não combinamos de passear hoje com as crianças? – lembrei.
               - Penso que não vai ser possível – respondeu-me ela. Mas não tem importância. Se não formos hoje, iremos outro dia.
               - Não é justo que as crianças deixem de passear. Almocem e vão sozinhos. Eu fico.
               Tive desejos de perder a compostura e dizer ao protestante que não ia ser possível recebê-lo, mas afinal o homem não era mau, - já que vinha para ver se conseguia levar-me para o céu. Desci a escada desgostoso, mas conservando o cavalheirismo e procurando sorrir.
               Sentado, porém, se achava um indivíduo apuradamente vestido, trajando um lindo costume de casimira inglesa que lhe caía bem no corpo atlético. Os pastores são modestos, e esse estava demasiadamente decente. Tinha a camisa alva e o colarinho engomado, com gravata azul de desenhos brancos geométricos. Apenas o sapato demonstrava ter sido usado uns dois meses. Chamou minha atenção as luvas que usava, de um tecido muito fino, que me fez lembrar onde eu havia visto outra igual.
               Encarei-o de frente, e tive a voz embargada pelo inesperado: tinha diante de mim o comandante de um disco voador.
               Em novembro de 1952, viajando com um amigo, ao atingir o alto da serra de Angatuba, no Estado de São Paulo, quando vínhamos do Paraná, nos defrontamos com cinco discos que pairavam no ar. Era um dia chuvoso, e nada pudemos ver além disso. Mais tarde, retornei ao mesmo ponto, onde me conservei durante três dias e três noites, à espera que algum disco aparecesse. Na última noite, depois de uma série de peripécias, que aqui deixamos de narrar para não fugirmos dos propósitos deste livro, um aparelho aterrissou e tivemos oportunidade de penetrar no seu interior e conhecer os seus tripulantes.
               Depois de uma permanência de uma hora em visita às instalações do aparelho, quando o comandante gentilmente nos explicou o seu funcionamento, prometeu-nos o fascinante personagem que nos iria visitar tão logo ele pudesse.
               E eis que agora, quatro ou cinco meses mais tarde, ele cumpria a sua palavra.
               - Compreendo o seu estado de espírito pelo inesperado – disse-me ele, levantando-se da poltrona e estendendo-me a mão – mas vim retribuir-lhe a visita feita ao meu aparelho. Não só cumpro a palavra empenhada como gozo um imenso prazer em revê-lo.
               -Verdade – redargui – que jamais esperei merecer de você gesto tão agradável, principalmente porque nada tenho a oferecer-lhe a não ser a mão de amigo.
               - Se você me oferecesse a Terra inteira, mas não me desse a mão de amigo, de nada valeria. Só a amizade realmente tem valor. Aceito-a de boamente, pois vim oferecer-lhe a mesma coisa: a minha mão de amigo.
               Quero desculpar-me por me haver apresentado como um religioso protestante, mas é forçoso que compreenda que sua esposa sentir-se-ia chocada se soubesse da verdade.
               - Foi uma mentira de cavalheiro – desculpei-o – e devo mesmo agradecer-lhe. Ela ficaria bastante infeliz se um dia pensasse ter um marido metido em franca atividade subversiva, de parceria com um agente estrangeiro que se faz passar por cavaleiro andante do espaço.
               Na realidade eu nunca acreditei na origem extraterrena dos discos voadores. Esse assunto me parecia mais uma impostura de seres da própria Terra, que aproveitando esse vago desejo que tem a humanidade de possuir irmãos no nosso sistema solar, se apresentavam como seres de um outro mundo para melhor exercerem atividades inconfessáveis. Mas o visitante reagiu sorrindo, e acrescentou:
               - Asseguro-lhe que a indireta é inconsistente, mas não resta dúvida ser o seu dever precaver-se contra possíveis embaraços. Fique certo, porém, que se eu fosse um agente estrangeiro, há muito que eu teria dominado a Terra e que você já não existia devido à sua curiosidade em penetrar no disco.
               Nessa altura surgiu minha esposa com os filhos. Avisou-me que o almoço estava posto, que eu convidasse o “pastor”. Ela estava saindo e só voltaria à noite.
               Durante o almoço, quis experimentar os conhecimentos linguísticos do meu hóspede e ver se descobria a sua origem pelo sotaque. Encaminhei o assunto para a religião cristã e pedi-lhe que me fizesse recordar as primeiras palavras da Bíblia em língua hebraica, ao que ele atendeu prontamente, sem demonstrar o menor constrangimento ou embaraço: Bresht barra Elohim... – recitando um longo trecho (No princípio criou Deus).
               Continuei a palestra no mesmo assunto, sem deixar que ele notasse que estava sendo experimentado. Em certo lugar, fiz-me de esquecido. Comecei falando: Hodie si audieritis vocem meam... e perguntei-lhe: como é mesmo o resto? Ele completou: nolite obdurare corda vestra. Usando o mesmo sistema disse: nolite putare quoniam veni solvere lege aut prophet... – terminando ele: no veni solvere, sed adimplere (Não cuideis que vim destruí a lei ou os profetas; não vim destruir, mas completar.)  
               Falei-lhe ainda em inglês e grego. A tudo ele respondeu com perfeição. Não só conhecia as línguas, mas sabia aprofundar-se no assunto a que eu me reportava, indicando a data, o lugar dos acontecimentos históricos e o nome dos protagonistas. Apenas dava, algumas vezes, interpretação diferente do nosso ponto de vista ortodoxo. Sua língua pareceu-me arrastar somente quando se expressou em inglês. Entretanto, a proficiência com que dissertava sobre questões mais diversas, deixava-me perplexo.
               Ao voltarmos à sala de estar, desejei verificar até onde chegavam os seus conhecimentos científicos, porque uma coisa é tratar de assuntos religiosos e históricos e possuir o dom poliglota, e outra é falar de ciência. É lógico que falando de ciência, devia não só ter os conhecimentos que temos, mas apresentar algo mais elevado. Caso contrário revelaria ser habitante da própria Terra. Ora, ninguém formula teorias de improviso, a menos que seja um gênio ou que elas não tenham lógicas.
               _ Qual o seu nome? – perguntei-lhe.
               - Eu não tenho nome no sentido que vocês aplicam. No meu planeta os nomes são um retrato do caráter do indivíduo. Através dele conhecemos as virtudes e defeitos de uma pessoa, mesmo muito conhecida. Trata-se de uma combinação de sons, para vocês ininteligíveis, que um não tem igual a outro. Hoje eu tenho um nome; se amanhã eu me tornar mais sábio ou melhor, passarei ater outro. E assim sucessivamente.
               - Pois que seja – concordei. Diga-me, porém, de onde você procede.
               - De que satélite?
               - De nenhum especialmente. Tanto vivo em Ganimedes como em Io. Sou como vocês que tanto podem residir em São Paulo, como em Santos ou Guarujá ao mesmo tempo.
               - Mas já ouvi dizer que os homens interplanetários são minúsculos, e você é bastante alto (quase dois metros). Como se explica? – perguntei-lhe com o propósito de embaraça-lo.
               - Nem todos somos minúsculos. Num mesmo satélite temos homens pequenos e grandes, loiros, vermelhos, morenos, pretos. Na diversidade a natureza apresenta a sua unidade.
               - Isso não tem importância – disse eu. Conhece-se o leão pelas garras.
               “Deve ser do seu conhecimento o esforço prodigioso que fazemos para aprender alguma coisa. Gastamos somas fabulosas em pesquisas, e nem sempre com resultados animadores. Eu mesmo – como você pode ver pelos meus livros cheios de anotações – estudo muito, mas até hoje nada sei. Perco-me no emaranhado das equações, e a simples introdução de um parâmetro no cálculo me põe tonto. Há um problema, por exemplo, que tem gasto o fosfato dos nossos melhores físicos e matemáticos, que eu acredito ser fácil para você, cuja ciência permite atravessar os espaços. Trata-se de saber se o que existe na natureza é a energia ou a matéria. É claro que eu não me vou satisfazer com uma simples definição acadêmica, sem uma explicação mais profunda, tratando-se, já se vê, de alguém que deve saber muito sobre o assunto. Podia dizer-me?
               O comandante do disco pareceu mergulhar os seus pensamentos num ponto remoto, como se buscasse um meio de abordar o assunto de maneira simples ou procurasse ouvir alguém que lhe falava no fundo da alma. Depois respondeu pausadamente, pesando as palavras uma a uma:
               Tendo este capítulo a finalidade precípua de explicar ao leitor como foi que conseguimos iniciar uma palestra em nível mais alto com o comandante de um disco voador, preferimos encerrá-lo neste ponto, retomando o assunto no capítulo seguinte.
               Neste capítulo novo, procuraremos excluir todas as palavras de menor importância que entre nós foram trocadas, sintetizando tudo sob a forma de perguntas e respostas. Torna-se mais cômodo para o leitor.
               As páginas seguintes não representam o resultado de uma única palestra, mas sim, consequência de cinco encontros que tivemos, que se deram nos seguintes locais: uma vez no próprio disco, uma vez em minha residência, duas vezes na Praça da República e uma última na Estação Roosevelt.
               Importa esclarecer, outrossim, que as duas palestras que tivemos na Praça da República, foram assistidas por um professor de física e matemática, que aqui conservamos o seu anonimato, respeitando as suas altas funções atuais.
               É possível que muitas respostas não representem o verdadeiro espírito do comandante do disco. Devido ao tempo transcorrido, é provável que tenhamos deturpado alguma coisa. Entretanto, conservamos o substrato das respostas, baseando-nos em apontamentos feitos na época.
               Procuramos, porém, na parte atinente à religião, excluir muita coisa que pudesse ferir os pontos de vista das seitas ou igrejas existentes. Apenas queremos afirmar, por ser para nós um dever de consciência, que as dificuldades que lhe apresentamos com relação à Bíblia foram por ele desfeitas, dando-nos respostas sobre a criação do homem, a ressurreição do corpo, o porquê da dor humana, etc., que confirmaram a veracidade desse livro. Para nós sua argumentação foi tão satisfatória que nos fizemos cristãos. É possível, porém, que o que para nós foi compreensível para outros não passe de um absurdo. Eximimo-nos, pois, de publicar essas questões, a não ser quando forçados, para não prejudicar o assunto.

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